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Cyberbullying: como prevenir que seu filho seja um “buller” e, se for vítima, como agir?

Cyberbullying: como prevenir que seu filho seja um “buller” e, se for vítima, como agir?

Ahh, mas o “bullying” sempre existiu. Quem nunca, não é verdade?

Segundo a definição do dicionário Priberam, bullying é: “Conjunto de maus-tratos, ameaças, coacções ou outros actos de intimidação física ou psicológica exercido de forma continuada sobre uma pessoa considerada fraca ou vulnerável”.

De um ponto de vista legal ou jurídico os pontos de vista também não são consensuais. O bullying, um anglicanismo de sentido e interpretação múltipla, é tratado de forma diferente na literatura jurídica, consoante os autores que se lhe referem. Para alguns, o conceito corresponde ao assédio escolar – “uma forma particular de violência associada sempre a uma relação de poder entre alguém que se apresenta como superior e um seu igual que se considera inferior e incapaz de responder à agressão” – enquanto outros amplificam o significado do conceito, integrando nesta categoria diferentes formas de indisciplina escolar.

De um modo geral, é consensual que bullying é “todo e qualquer acto de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por um indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, numa relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”. O bullying pode ser definido quando há “violência física ou psicológica em actos de intimidação, humilhação ou discriminação”, ou ainda, ataques físicos; insultos pessoais; comentários  e apelidos pejorativos; além de ameaças; expressões preconceituosas; isolamento social consciente e premeditado; piadolas e partidas; e é classificado de acordo com as acções praticadas, podendo ser verbal, moral, sexual, psicológico, físico, material (furtos, roubos, destruição de pertences) ou virtual, mais conhecido como cyberbullying.

Com frequência, esses actos são apelidados de brincadeiras, o que pode dificultar a percepção da prática, inclusive entre os próprios envolvidos. De um lado, um acha que a sua brincadeira não faz “mal nenhum” e do outro, a sensação de que “será que não sou eu que estou a ser demasiado sensível, um bebé?”. Foi justamente a pensar nisso, que o legislador previu expressamente que piadolas (isto é, gozo, piadas, graças) também são formas de bullying. Assim, a inclusão de piadolas nesse rol, ajuda no combate ao bullying, nomeadamente porque retira, prontamente, a desculpa de “brincadeira” do agressor. Essa ressalva do legislador também ajuda a própria vítima, se tiver orientação sobre o tema, pois não vai ficar constrangida ao falar com os seus pais e educadores para dizer que não gostou da “brincadeira”, o que poderá fazer com que, finalmente, se consiga romper com umas das grandes barreiras do bullying, o silêncio.

Há estudos que demonstram que tanto os rapazes como as meninas são praticantes de bullying, sendo que os meninos são mais tendentes ao bullying físico e as meninas são mais propensas a bullying com violências verbais.

Qualquer comentário, característica física, descendência, atitude, etc. pode dar motivos para a prática de bullying. No entanto, os estudos apontam que os principais motivos que motivam a prática são, além da cor, a religião, aparência do rosto, aparência do corpo (especialmente entre alunos que se declaram muito gordos ou muito magros), orientação sexual e região de origem.

Bullying na potência máxima: Cyberbullying

— Eu passei de uma pessoa anónima para alguém publicamente humilhada no mundo todo. Havia um ataque de apedrejadores virtuais. Fui classificada como uma vagabunda, uma vadia. Perdi a minha reputação e a minha dignidade e quase perdi a minha vida. Há 17 anos não havia um nome para isso, mas agora podemos chamar de cyberbullying[1].

1995: Monica Lewinsky, estagiária, foi a estrela de um dos escândalos mais conhecidos da Casa Branca, envolvendo traição, mentiras, processos e até pedido de demissão do, à época Presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton. Recentemente, Lewinsky contou a sua história numa palestra, mostrando como a Internet, já naqueles anos distantes, foi utilizada para arrasar a sua honra e imagem: “a atenção e o julgamento que recebi – não a história, mas o que eu pessoalmente recebi – foram sem precedentes. Fui rotulada como vadia, puta, vagabunda, prostituta, interesseira e, claro, como “aquela mulher”. Eu era vista por muitos, mas na verdade conhecida por poucos. E eu percebo: era fácil esquecer que aquela mulher tinha uma dimensão, tinha uma alma e que antes estava intacta”[2].

Com o seu depoimento, Lewinsky colocou um holofote num problema gravíssimo que afecta um número incontável de pessoas, especialmente crianças e adolescentes: o cyberbullying. Fatalmente, se na época em que Lewinsky foi exposta o dano já era alarmante diante da repercussão de notícias ao seu respeito, hoje, mais de 20 anos depois, o cyberbullying é ainda pior, porque qualquer pessoa pode publicar conteúdos na Internet e atingir milhões de pessoas em segundos, em blogs, sites e redes sociais, sendo que os danos experimentados por crianças e adolescentes, vítimas de bullying, pode ser tão severo ou ainda pior que aquele experimentado por Lewinsky, que tinha 22 anos.

cyberbullying pode ser entendido como o bullying praticado num ambiente virtual, on-line. Não tem fronteiras, não tem limites, quaisquer que sejam, pois, acreditando que estão sob o manto do anonimato, inicialmente propiciado pela Internet (mas que pode ser afastado com medidas jurídicas), os agressores multiplicam-se e não tem identidade. A vítima não consegue calcular as dimensões dos danos nem o agressor, pois estão em todos os locais, a todo tempo.

Como afirmou Lewinsky, “a tecnologia ampliou o eco da vergonha”, pois enquanto o bullying era restringido à escola, ao clube, à família, o cyberbullying chega a toda a gente, sendo que “quanto mais humilhação, mais cliques e quanto mais cliques, mais dólares são ganhos com publicidade. Estão a ganhar dinheiro às custas do sofrimento”[3].

O relatório publicado pela Childline em 2015 revela que em 2014 quase 45 mil crianças relataram casos de cyberbullying, sendo que, acredita-se, esse número é apenas uma pequena parte da prática lesiva, pois a maioria das crianças e adolescentes não revelam o problema[4], e, agravando esse cenário, a pesquisa da ESET demonstra que a maioria dos pais desconhece a prática de cyberbullying[5].

Mas afinal, o que fazer diante do bullying?

A melhor maneira de prevenir e combater o bullying é quebrar o silêncio, abordando o tema na escola com pais, alunos, professores e todos os demais colaboradores que interagem com a comunidade escolar (funcionário da cantina, da porta, do pátio, do transporte escolar…), a fim de se tomar consciência, evitar e conter a prática lesiva, que é justamente o objectivo da legislação[6]. Por isso, a prevenção e rápido diagnóstico do problema são factores essenciais para o êxito do Programa de Combate ao Bullying.

Assim, se a criança ou adolescente sofrer ou presenciar o bullying, deve procurar orientação junto dos pais e educadores, os quais, por sua vez, devem agir promovendo o auxílio psicológico, jurídico e social que for preciso para os envolvidos, acolhendo e orientando vítima e agressor, para parar com a prática e inibir os danos.

Pais
  • Se o seu filho é o agressor, não se oculte. Mostre-lhe que actos de perseguição e violência não são toleráveis e acompanhe a vida do seu pupilo de perto, conhecendo os seus amigos, inclusive os virtuais, os seus interesses e necessidades, mantendo ou restabelecendo um diálogo aberto. Se for preciso, procure ajuda profissional.
  • Se o seu filho é a vítima, acolha-o para que ele aponte o que o preocupa, possa ajudar a identificar os agressores e voltar a sentir-se seguro e amparado. Procure o diálogo e se o agressor também for uma criança ou adolescente, converse com os respectivos pais e educadores, para que possam encontrar a melhor solução.

Em quaisquer dos casos, os pais devem orientar o caminho dos seus filhos, inclusive aqueles percorridos pela Internet, o que pode ser feito com um diálogo aberto e com softwares de controle parental (ferramenta auxiliar), procurando manter a segurança da vida on-line.

Dicas de segurança que ajudam a combater e prevenir o bullying e o cyberbullying
  • Mantenha actualizado o software antivírus e de controle parental. Eles poderão auxiliá-lo a identificar se o seu filho está a praticar ou a ser vítima de bullying.
  • Defina regras claras sobre o uso do computador, telemóveis e outros equipamentos electrónicos. As regras que são válidas fora da Internet também são válidas no mundo virtual.
  • Seja vigilante e acompanhe a ligação de Internet do seu filho: verifique o histórico de navegação e converse sobre os conteúdos a que acedeu e os que publicou.
  • Configure a privacidade das redes sociais utilizadas pelo seu filho.
  • Controle o uso da webcam: quando e com quem pode ser usada. Mantenha a webcam desligada ou coberta quando não estiver a ser usada, pois, a partir de um malware, terceiros podem er acesso remotamente, sem que saiba, e isso poderá dar origem a uma série de consequências desastrosas, entre elas o bullying.
  • Instrua o seu filho sobre as regras na Internet, mostrando o que não deve ser veiculado, seja porque diz respeito à intimidade dele ou do colega; seja porque é ofensivo, ameaçador, ilegal ou imoral, de alguma maneira.
  • As informações que são colocadas na Internet não têm anulação. Todos devem pensar duas vezes sobre que o que colocam online na Internet. Oriente e evite que o seu filho pratique ou sofra de cyberbullying.

Mas, que não seja por determinação legal, por receio de ser punido ou poder ter a reputação comprometida, mas pelo bem geral da colectividade, pelos jovens que representam o futuro da nação. Que a paz e respeito ao próximo sejam o objectivo de todos.

O seu filho, não tem de achar que todos são bonitos e boas pessoas, mas deve respeitar todos!!!

Adaptado para português de texto de Alessandra Borelli e Emelyn Zamperlin

[1] http://oglobo.globo.com/sociedade/eu-estava-farta-diz-monica-lewinsky-sobre-cyberbullying-15649550

[2] http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/177163/Monica-Lewinsky-O-pre%C3%A7o-da-vergonha.htm

[3] http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/03/monica-lewinsky-pede-mais-compaixao-na-internet-em-palestra-do-ted.html

[4] https://under-linux.org/content.php?r=9385

[5] http://www.net-security.org/secworld.php?id=18118

[6] http://www.bettbrasileducar.com.br/page.cfm/Action=Visitor/VisitorID=499

Sobre a Happy Code

A Happy Code é uma escola de programação, tendo como missão formar pensadores e criadores do século XXI. Com uma metodologia de ensino baseada no conceito STEAM (“Science, Technology, Engineering, Arts and Math”), os cursos lecionados incidem sobre a programação de computadores, desenvolvimento de jogos e aplicações, robótica com drones, bem como produção e edição de vídeos para o YouTube.

Tendo como premissa de atuação os valores da responsabilidade, da confiança, da inovação e da consciência social, a Happy Code leciona os seus cursos em centros próprios ou em escolas, empresas, municípios, projetos sociais, centros de estudo, ATLs, entre outros, estando já presente em várias zonas de Portugal.