Pensamento computacional: saiba como aplicar à realidade das escolas
Durante muito tempo, o pensamento lógico na escola manteve-se restrito às disciplinas de matemática e física. Com o desenvolvimento das ciências da computação e o emprego da tecnologia na educação, surgiram novos processos para o aperfeiçoamento da capacidade de resolução de problemas, como o pensamento computacional.
Essencialmente, este conceito compreende a competência crítica, criativa e estratégica do uso dos fundamentos da computação em diferentes áreas do conhecimento. Com isso, o aluno é capaz de reconhecer e resolver problemas de forma individual ou em grupo, entre outros pontos.
Neste artigo, vai conhecer as competências relacionadas com o pensamento computacional e estratégias para incluí-lo na proposta pedagógica da sua escola. Boa leitura!
Quais são as competências relacionadas com o pensamento computacional? A transformação digital na educação é um aspeto tão importante no ensino do século XXI que o Currículo Nacional inclui algumas competências tecnológicas no seu plano. Mas de que forma o pensamento computacional funciona na prática?
De modo diferente do que o próprio nome sugere, ele não se relaciona exclusivamente com a tecnologia, a programação ou a matemática, nem exige a utilização de computadores.
Este pensamento propõe o desenvolvimento de maneiras novas e criativas de pensar nas quais educadores e alunos sejam capazes de identificar problemas e procurar soluções a partir de diferentes competências, que podem ser divididas em quatro grandes grupos.
Decomposição
Corresponde à competência de dividir um problema complexo em partes menores. Trabalhar um fragmento do problema de cada vez ajuda a encontrar a solução, permitindo uma maior atenção em cada etapa.
O desenvolvimento desta competência é percetível no comportamento dos estudantes. A decomposição ajuda a diminuir a ansiedade e o medo frente aos desafios. Os alunos conseguem encontrar as respostas de cada parte do problema com mais confiança e rapidez, enquanto seguem um passo a passo para a solução da grande questão.
Abstração
Esta competência propõe o foco em processos relevantes em vez de dar prioridade aos detalhes, de modo que a solução possa ser válida para outros problemas.
Ao filtrar e classificar os dados mais relevantes para a resolução das questões, os alunos são capazes de desenvolver uma análise mais crítica e atenta à essência do tema trabalhado.
Reconhecimento de padrões
Para identificar tendências de comportamento é necessário observar atentamente a questão, reconhecendo padrões e semelhanças.
Esta competência permite a construção de soluções para problemas comuns de forma inovadora, desenvolvendo o espírito empreendedor nos estudantes.
Pensamento algorítmico
Ainda que a palavra algoritmo seja mais utilizada no contexto computacional, este tipo de pensamento corresponde à criação de passos e soluções para alcançar um objetivo específico para qualquer problema, de ordem matemática ou não.
Desenvolver esta competência nos alunos estimula a criatividade, a fim de criar soluções cada vez mais eficazes.
Qual é a importância do pensamento computacional para os alunos do século XXI?
Na educação, o pensamento computacional contribui para a adaptação da sala de aula às necessidades da sociedade contemporânea. A transformação digital surgida com as novas tecnologias exige que as pessoas estejam cada vez mais aptas a lidar com as ferramentas e linguagens da cultura digital. Por isso, a sua escola deve promover uma disrupção na educação, oferecendo uma formação de base sólida em áreas que permitam aos alunos a manipulação das informações, para que estejam preparados para lidar com os desafios pessoais e profissionais.
De que forma a escola pode colaborar com este processo?
Países como Austrália, Espanha, Estados Unidos da América, Finlândia e Inglaterra trabalham há algum tempo o pensamento computacional na educação básica. No Brasil, algumas escolas têm adotado este processo com excelentes resultados.
Saiba como pode ajudar no desenvolvimento das competências computacionais dos seus alunos e também fazer parte dessa equipa de escolas inovadoras.
Promover o ensino de programação e robótica
É provável que uma boa parte dos alunos que frequentam as escolas hoje vão trabalhar em profissões que ainda não foram inventadas.
Incluir o ensino de programação e robótica é uma excelente forma de desenvolver as competências do pensamento computacional. E preparar os alunos para o mercado de trabalho do futuro não é o único benefício desta estratégia.
O estudo da programação e da robótica faz parte das metodologias STEAM e STEM. Este tipo de ensino propõe a solução de problemas que fazem parte do dia-a-dia
do aluno através da tecnologia. O resultado é o desenvolvimento do raciocínio lógico, o aperfeiçoamento da criatividade e a promoção da autonomia e do trabalho em equipa entre os alunos.
Ajudar na literacia digital dos alunos
As competências de decomposição, abstração, reconhecimento de padrões e pensamento algorítmico são ótimas ajudas no processo de literacia digital dos alunos. Com a tecnologia cada vez mais presente na rotina das pessoas, as crianças e os jovens têm de se adaptar às inovações e ferramentas que estão por vir.
Mas antes de preparar os estudantes para lidar com as linguagens do ambiente tecnológico, não se esqueça de desenvolver a educação digital no corpo docente. Outro aspeto importante a ser considerado durante o processo de literacia digital é oferecer a formação adequada à faixa etária dos alunos.
Utilizar metodologias inovadoras de ensino
Como referimos, a aquisição do pensamento computacional não traz benefícios apenas no âmbito das ciências exatas e pode permitir que os alunos tenham uma melhor compreensão dos fenómenos do mundo. Assim, outra forma de adotar esta competência na escola do século XXI é construir um currículo com base na transversalidade do conhecimento.
A compreensão de que todas as disciplinas estão interligadas não apenas entre si, mas com os próprios estudantes e com o mundo que os rodeia contribui para o desenvolvimento do pensamento crítico e de outras competências fundamentais para o convívio social, como, por exemplo, a empatia, a inteligência emocional e a comunicação.
Uma forma eficaz de colocar essa transversalidade como elemento orientador do processo pedagógico é adotar metodologias inovadoras de ensino que são
diferentes dos formatos clássicos de ensino, como a inclusão do curso de programação que referimos anteriormente.
Viu que os estudantes do século XXI devem ser capazes de reconhecer elementos da computação no mundo que os rodeia aplicando técnicas e ferramentas para compreender e pensar nos processos e sistemas naturais, artificiais e sociais.
Por isso, é muito importante trabalhar para o desenvolvimento do pensamento computacional dos seus alunos através de propostas pedagógicas inovadoras. Recorde que incluir este pensamento como princípio orientador das metodologias de ensino da sua escola oferece também uma vantagem competitiva em relação à concorrência.