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É amanhã, a informação que posta hoje

É amanhã, a informação que posta hoje

Os encantos da tecnologia e da facilidade de acesso à informação “seduzem” cada vez mais cedo as crianças e adolescentes, que se rendem, muitas vezes precocemente, ao mundo virtual.

Se, por um lado, a Internet nos proporciona benefícios inimagináveis, principalmente ligados à comunicação dos seus utilizadores, por outro, esse potente instrumento pode causar danos extremamente graves e, muitas vezes, irreversíveis.

Isto porque, na sociedade da informação, devido à facilidade de publicação e partilha de conteúdo, os utilizadores agem muitas vezes de forma irreflectida, acreditando estarem sob o manto do anonimato, mas esquecendo-se que podem ser identificados e que o conteúdo digital não tem anulação.

A realidade é que uma vez publicada determinada informação na Internet, por norma, dificilmente, ela vai ser apagada do ar e qualquer utilizador da rede vai poder aceder a ela eternamente. Qualquer um! Incluindo pessoas que talvez ainda não se conheçam, mas um dia, quem sabe, possam ter influência sobre os nossos destinos.

Com tantos meios de exposição e interacção, indivíduos que outrora viviam no anonimato, cada vez mais cedo, migram para o campo público proporcionado pelo universo digital e, em instantes, podem se tornar seres conhecidos mundialmente, o que pode ser fatal, numa sociedade que cada vez mais determina quem somos através dos nossos rastros no mundo virtual.

Nesse sentido, há uma grande preocupação com o comportamento dos jovens que, frequentemente e de forma imprudente, postam, gostam e partilham conteúdos duvidosos na web, sem medir os danos que tais atitudes podem acarretar tanto a terceiros, como a eles mesmos.

Nesse sentido, segundo a notícia do Correio Braziliense, em 2015, 46% (quarenta e seis por cento) dos entrevistados afirmaram ter encaminhado nudes (foto nua) para outros utilizadores da Internet.

Tal situação ganha ainda maior repercussão, quando se reflectir sobre o facto dos jovens, dentro de alguns anos, ingressarem na vida adulta e no mercado de trabalho, sendo que vão, seguramente ter os seus registros virtuais avaliados pelos seus futuros empregadores.

Até já existem os chamados Corretores/Agentes de Informação (Data Brokers), que não são mais do em empresas dedicadas a recolher e armazenar informações pessoais sobre os utilizadores da Internet, com o fim de as comercializar no mercado, fornecendo informações pessoais dos candidatos aos empregadores no momento da contratação[1].

Clássica e real é a história da jovem estudante Stacy Snyder, uma professora que, já na idade adulta, sofreu as consequências da publicação de uma foto sua na Internet, publicada por ela na sua adolescência.

Isto porque, Stacy Snyder deixou de ser contratada para uma vaga de emprego, mesmo após preencher todos os requisitos necessários, por ter divulgado na Internet, uma foto sua fantasiada de pirata, com um copo de uma bebida alcoólica na mão, com a legenda: “Pirata Bêbada”. Imagem que é facilmente divulgada pelos jovens e adolescentes hoje em dia, nas redes sociais.

Segundo Stacy, o maior sofrimento que viveu foi causado por ela própria, ao publicar a referida foto na Internet há alguns anos, a qual retratava um comportamento que, no momento em que foi postado, era adequado e pertinente com aquela realidade, mas que já não condizia com a sua postura à época do concurso.

A verdade é que na era digital, se torna praticamente impossível recomeçar e esquecer os deslizes da juventude. Isto porque, uma vez publicado determinado conteúdo na Internet, este poderá, quase sempre, voltar à superfície.

Reconhecendo a sensibilidade do tema em questão, a Califórnia promulgou em 2013 a Lei SB 568, apelidada de “Lei Delete“, que dá ao menor de idade o direito de remover conteúdo ou informações disponibilizadas em plataformas online.

Em Portugal (e no Brasil), apesar de não haver legislação especifica sobre o tema, há decisões recentes que concedem aos utilizadores o chamado direito ao esquecimento, uma vertente do direito à privacidade que, em suma, consiste na tentativa de um indivíduo migrar informações pessoais de uma esfera pública para a esfera privada, desde que tais informações não sejam de interesse público ou tenham cunho histórico.

Diante deste cenário, e para se evitarem prejuízos futuros causados pela publicação de fotos, comentários, vídeos e informações comprometedoras pelos jovens, a melhor saída consiste na adopção de medidas preventivas, uma verdadeira educação digital voltada para a os miúdos, para que tomem consciência dos riscos que a Internet traz.

Mas, e quando a foto já “saiu”? O tweet já “explodiu”? O deslize já ocorreu? Só podemos encolher os ombros? Aprender a conviver eternamente com o facto negativo? Afastar dos amigos e do trabalho? Afinal, onde é que fica o botão delete na Internet?

No imediato, é possível solicitar extrajudicialmente ao provedor do conteúdo na Internet (como o Google e o Facebook) a remoção ou rectificação da informação antiga do ar. As páginas referidas já disponibilizam, aliás, campos específicos nesse sentido.

Apesar disso, é possível que o utilizador contrate empresas especializadas em administrar a reputação online dos seus clientes na Internet, através de publicações de conteúdos positivos na Internet, de modo a afastar os resultados negativos do topo dos resultados localizados no Google, mantendo-os, consequentemente, num nível de frequência baixo.[2]

Em última instância, o utilizador poderá recorrer ao Poder Judiciário, para evitar que determinadas publicações antigas na Internet, realizadas na juventude, acarretem prejuízos na vida adulta, não só sob o aspecto pessoal, mas também profissional.

Como é possível notar, remover informações da Internet não é algo simples ou certo, sendo que muitos estudiosos comparam tal medida com a tentativa de se agarrar em grãos de areia atirados ao vento.

Visto isto, é importante que todos os utilizadores da rede fiquem atentos e que os pais orientem sempre os seus filhos sobre os riscos e consequências de postagens duvidosas na Internet, para que futuramente tais publicações não sejam lesivas aos próprios utilizadores.

Por Helena Mendonça (Nethics Educação Digital).

[1] Informação disponível na URL https://www.publico.pt/mundo/noticia/tribunal-europeu-defende-direito-a-ser-esquecido-na-Internet-1635712, acessada em 20.03.2016.

[2] Guilherme Genestreti e Juliana Vines, Superexposição na web deixa nossa reputação mais vulnerável, publicado em 28.06.2011, disponível em http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/935603-superexposicao-na-web-deixa-nossa-reputacao-mais-vulneravel.shtml, acesso em 15.01.14.

 

Sobre a Happy Code

A Happy Code é uma escola de programação, tendo como missão formar pensadores e criadores do século XXI. Com uma metodologia de ensino baseada no conceito STEAM (“Science, Technology, Engineering, Arts and Math”), os cursos lecionados incidem sobre a programação de computadores, desenvolvimento de jogos e aplicações, robótica com drones, bem como produção e edição de vídeos para o YouTube.

Tendo como premissa de atuação os valores da responsabilidade, da confiança, da inovação e da consciência social, a Happy Code leciona os seus cursos em centros próprios ou em escolas, empresas, municípios, projetos sociais, centros de estudo, ATLs, entre outros, estando já presente em várias zonas de Portugal.