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Fala, Escrita, Matemática, Desenho…e Programação?

Artigo de Opinião

Quando olhamos para a secção de anúncios de emprego num site ou no jornal vemos que muitos empregos, até aqueles que só requerem o 12º ano, precisam de conhecimentos de Inglês. Há 15 ou 20 anos estes requerimentos apareciam numa minoria dos anúncios, mas agora vemos anúncios de Preparadores de Obra, Empregados de Escritório e Assistentes Sociais que os requerem como critério eliminatório. Algo fundamental mudou no mundo do trabalho…

A mudança afecta todos

Conheço vários adultos trabalhadores, de várias idades, que actualmente têm muita dificuldade em aprender Inglês (ou outras competências fundamentais, como o uso de computadores), comprometendo a progressão (e existência) da sua carreira. Conheço também outros que se recusam até a tentar aprender! A recusa em aprender competências é uma resposta típica e frequente, sendo uma maneira de exercer controlo sobre um ambiente externo hostil … como se as necessidades do mercado de trabalho fossem um ataque pessoal (“Porque é que me estão a obrigar a aprender isto? Antes não era preciso!”).

Como abordar a mudança?

Existem várias estratégias para ajudar estes dois grupos (os que têm dificuldades em aprender e os que se recusam a fazê-lo) mas acho mais importante falar sobre o que podemos fazer para evitar que as gerações vindouras tenham estes problemas. Como podemos assegurar que as nossas crianças estão dispostas a estar sempre a aprender skills novas? Após rever alguma literatura sobre o assunto, surgem dois caminhos complementares:

1) Ensinar as crianças a gostar de aprender

A melhor maneira de nos certificarmos que as nossas crianças se tornam em adultos flexíveis, sem medo de estar sempre a aprender coisas novas, é ensiná-los desde tenra idade a gostarem de aprender e assegurar-nos que sabem como aprender. Este é um trabalho não só dos educadores e sistema de ensino mas também dos pais.

O papel das Escolas

Actualmente vemos várias revoluções em marcha no sistema de ensino, seja e-learning (Khan Academy) como a aposta em Active Learning, ou diferentes estratégias de ensino, em vez do tradicional método passivo de um professor a comunicar um programa estandardizado de uma maneira estandardizada aos alunos. Estas mudanças ainda não são suficientes para termos crianças que adorem aprender: vários pedagogos mencionam a necessidade de um sistema que enfatize a descoberta dentro de um ambiente seguro, fomente a colocação de perguntas discursivas e em que o que é ensinado a cada aluno depende não só do programa mas também das necessidades, interesses e qualidades de cada um.

O papel dos Pais

Um melhor sistema de ensino não chega. Os pais, como principais educadores e exemplos a seguir pelas crianças têm o papel mais importante em transformar os pequeninos em amantes da aprendizagem.

É importantíssimo, claro, que os pais mostrem paixão por aprender! Partilhe com os seus filhos o que acha interessante, seja os seus hobbies, assuntos favoritos ou um programa de televisão, explicando-lhes porque é que o tema o fascina.

Os pais podem também, sempre que notam que as crianças têm um interesse num certo tópico, mesmo que sintam que não são interessantes (“Porque é que ele gosta tanto de dinossauros e do espaço em vez de gostar de jogar à bola, como os outros?”), providenciar apoio e suporte, especialmente nas fases iniciais (em que os falhanços são mais previsíveis).
2) Ensinar às crianças as skills do futuro… Agora!

Uma óptima maneira de assegurar que as crianças estão preparadas para adquirirem os conhecimentos necessários no futuro é ensiná-los agora, quando ainda são pequenas. Tal como agora se ensina Inglês a partir dos 5-6 anos (apesar de só ser preciso profissionalmente dali a muitos anos), deverá procurar dar aos seus pequenos os conhecimentos que considerar essenciais no futuro, com especial foco nos que o sistema de ensino actual ainda não providencia.

Programação

Esta é talvez a principal competência do futuro não coberta condignamente pelo sistema de ensino. Não é preciso ser um oráculo para perceber a importância de programação no presente e no futuro. A sua vida é cada vez mais afetada por algo que foi programado, seja quando faz compras online, valida as facturas para o IRS ou responde a um email. É através de programação que os mais valiosos produtos da última década foram desenvolvidos (Google, Facebook, Apple). As grandes e pequenas construções do futuro não são feitas com tijolo e metal mas sim com linhas de código.

Tal como agora um empregado de escritório tem que saber usar Excel e Word, no futuro vai ter que saber programar. Se ensinar o seu petiz desde uma tenra idade a programar, está a garantir que ele tem as skills necessárias para triunfar.
Da mesma maneira que a paixão por aprendizagem se transmite desde os mais tenros anos, também a programação pode ser ensinada desde muito cedo. Mesmo que não seja ainda prática corrente em Portugal, já o é noutros países, e as crianças que beneficiarem deste ensino estarão certamente mais bem posicionadas para terem uma carreira bem sucedida.

by Mário Frade